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PAGINA III
O DESAPARECIMENTO DE NORBERTO SMITH
-Oh! Joaquim santos! Venha ca, se faz
favor!
Levantei-me, e fui ao gabinete, do
chefe Henrique.
-Joaquim, tenho um caso para si, e para
o André Sousa, é o seguinte o sr Norberto smith, desapareceu de
sua casa, não se sabe quando, porque so agora deram pela falta dele.
Alias, ele já estivera desaparecido,
em outras vezes, e voltara, mas não adiantaram onde, eu
desconfio que sabem.
Os familiares, supõe que tenha voltado
para os Estados Unidos, mas tem receiam que não, porque a outra
família dele, também o dá por desaparecido.
Eu desconfio, que desta vez, se calhar
não sabem, mesmo dele, por isso, so agora comunicaram, ás
autoridades.
Este homem parece-me envolto, em
mistério.
O sr é português, mas do lado
paterno, descendente de família norte americana, tem 38 anos, vivia
na Costa da Caparica, numa casa alugada.
Alias, parece-me que há aqui uma
cumplicidade, ele e as respectivas famílias, portuguesa e norte
americana.
O lado português, estavam
nervosos, ao telefone, e escondiam alguma coisa.
Receio que isto, termine no FBI, se
entretanto não conseguira-mos chegar, a alguma conclusão.
Depois disto, la fomos descobrir, o
paradeiro do luso americano.
Eu e o André Sousa, atrevessamos
Lisboa, rumo ao outro lado, estava um calor de “rachar” eu
transpirava por todo o lado, o carro não tinha ar condicionado, e os
termómetros marcavam em Lisboa 40º graus, levamos os vidros
abertos, a viagem toda.
Lá fomos, fazer investigação,
atravessamos a ponte 25 de Abril para margem sul, para a casa
da família dele, que residia, ali perto da costa da Caparica, pelo
endereço encontramos uma moradia pequena, numa avenida muito
movimentada, a dois minutos das praias, mas tudo fechado.
Procuramos mais informações, no café
ali perto, indicaram o caminho, da proprietária do apartamento, onde
ele morou, mas que estava vendido, tinham tirado letreiro, á pouco
tempo.
Da família dele, portuguesa informaram
que estavam para São Francisco, para o pé da outra familia
americana, porque tem falado com eles ao telefone.
Por isso na moradia, tudo fechado.
E que foram eles, informaram a policia,
do desaparecimento do Norberto smith.
Lá fomos, olhando a arriba fóssil,
gigantesca sobranceira ás praias, André dizia que aquele chão,
tinha sido chão de mar, e que a costa da Caparica, so emergiu,
depois do terramoto de 1755 em Lisboa, por isso ficaram conquilhas,
em pedra nas grutas.
Coisas, que o André sabe.
O calor era intenso, naquele verão de
1995.
Chegamos á charneca da Caparica, perto
da casa da proprietária, do apartamento, onde Norberto esteve,
alguns meses.
Eu e o André, éramos da policia e
queríamos verificar a casa, onde esteve Norberto smith.
Uma senhora muito simpática, referiu
que o apartamento foi vendido, e o que la encontraram, foi
apenas um molhe de cartas, de um amigo dele do Senegal, que lhe
escrevia, e alguma roupa.
Por desconhecerem família, ficaram com
as cartas, guardadas, alem disso o conteúdo, estava escrito,
em inglês.
Eu e André ficamos com as cartas, após
identificação.
Pareceu-me historia, perguntamos onde
morava família dele portuguesa, a senhora disse que não sabia.
Ele apenas alugou ali o apartamento, em
Junho, Julho e Agosto, a família dele apareceu, á um mês, a
perguntar se ele ali estava, porque deixou de atender o telefone.
Telefonamos ao Chefe, a contar tudo
isto.
Voltamos para Lisboa, nessa tarde.
Pelo caminho, desfolhei as cartas do
amigo de Norberto smith, que era do Senegal.
Pelo menos dizia la isso.
Em Lisboa entregamos as cartas ao
chefe, que foram analisadas pelo centro de investigação criminal e
pesquisa.
A primeira carta, que foi lida pelo
chefe, com a equipa por perto:
“Ilha de Goreé, Senegal.
Naquela manhã a igreja da povoação,
junto ao porto encheu-se de gente, alem de ser domingo, também havia
vestígios de casamento, ia passando por ali, e parei-me a olhar,
foram entrando pessoas com roupas novas e coloridas, fui atrás
deles, naquela dia não tinha uniforme militar, estava anónimo.
Sentaram-se nos lugares vazios, e eu
também.
Olhava-os, em pormenor, ao fundo um
homem, olhava o altar.”
O Chefe pôs a carta de lado, em cima da secretaria e segurou uma caneta, fazendo desenho num papel.
-Temos aqui uma pista, Senegal, ilha de
Gorée, quem é este homem, será amigo?
Teria Norberto smith, ido para o
Senegal?
Vou lendo as cartas para podermos,
chegar a uma conclusão «dizia o chefe»
Eu interrompi:
-Chefe! Esta na hora do jantar, até
amanhã!
Retomamos os trabalhos, no outro dia,
com uma “seca” de cartas e mais cartas, porque já percebi, que
temos, muita investigação pela frente.
Às nove horas, la estávamos nós, á
espera do chefe por causa das cartas, tínhamos que saber, mais
alguma coisa, sobre aquele caso, finalmente o chefe veio, e iniciamos
a segunda carta.
“Estava muito quente ali dentro, e o pessoal foi saindo e eu também.
Na rua a brisa marítima, trazia
frescura aquele lugar piscatório, a ondulação estava convidativa a
mergulhos.
As horas passavam, e aquele pobre homem
,continuava frente do altar, voltei para perto da porta, e de facto
la estava.
Entretanto sentou-se, a igreja já
estava vazia, e quando todos abalaram do lugar, ele saiu, eu virei-me
de costas, e fiquei a ver o que fazia, sentou-se nas areias da praia
a olhar o horizonte, eu fui jantar”
“Vim ate á beira mar, como costume, á noite, quando o vi meter-se num barco e abalar, mar dentro, ainda vim a correr, para saber o que lhe deu, mas perdi-o de vista, pareceu-me que o motor parou, a noite estava escura, á minha volta não havia viva alma, o som das ondas, abafava outros sons.
voltei para o quartel, ainda pensei
pedir ajuda, mas disseram-me que eram pescadores, que se faziam ao
mar, de noite para a pesca.
Sosseguei, o barulho do motor era
impressão minha.
Norberto, inicialmente não via nenhum
interesse, nesta historia, nem neste assunto, mas com a continuação,
parece-me interessante, para recordar o serviço aqui no Senegal,
aqui nesta ilha.
Uma forma de “queimar” tempo,
decidi partilhar isto contigo, tenciono deixar a legião estrangeira,
e dedicar-me á família”
Interrompemos para o almoço, ja se tinha percebido, qualquer coisa.
Da vida destes dois legionários, um no
Senegal, e outro não se sabe onde, mas supõe-se ca em Portugal.
Depois do almoço, continua a “seca”,
nunca tive um caso destes.
“Levantei-me cedo, para saber mais pormenores, fui ate praia e la estava o barco, com os remos de lado, afinal tinha razão, veio a remos para a praia, e esta estava deserta, aquela hora.
Tomei o pequeno almoço, voltei a praia
sentei-me á sombra de uma, das muitas palmeiras, da baia da ilha
Gorée os pescadores vieram com a pesca, as crianças corriam
para a praia, enquanto as mães, ajudavam a puxar as redes e a tirar
o peixe, e olhavam os maridos com satisfação, de estarem vivos.
Reparei que olhavam para a casa
amarela, despertou-me a atenção, sai dali e fui mais para frente,
para outra sombra de outra palmeira, aquele mistério Norberto
fascinava-me.”
Agora! «dizia o chefe» a resposta do
Norberto smith, suponho que esta carta, não tenha saído, porque
ficou aqui, junto com as recebidas.
“Richard tenho lido com muita
atenção, as cartas do ambiente que te rodeia ai, nessa ilha que eu
conheço, de serviços da legião, vai relatando.
Nesta ultima parece-me haver uma
cumplicidade, daquelas pessoas com triste homem, que ficou no altar,
que tristeza.
Dentro em breve, vou sair daqui desta
casa, na margem sul de Lisboa.
Depois, adianto mais sobre isto, há
novas missões.”
O chefe parou de ler, e fez-se um
silencio.
-Temos aqui, dois homens um que esta no
Senegal, e outro não.
Que tipo de amizade, haverá entre
eles, terá o richard a ver com o desaparecimento, do Norberto?
Começa a ser importante, a leitura
completa destas cartas.
Vamos ao resto «respondeu o chefe»:
“Ali perto da casa amarela, reparei que alguém la dentro, olhava por detrás dos cortinados, para ver o que se passava ca fora, aproximei-me, e reparei que as mulheres da praia,ambém observavam a casa, sobranceira ao mar.
Fiquei ali, a ver o que acontecia, de
seguida.
A faina das mulheres, termina pouco
tempo depois, e recolheram para casa para o almoço, com os filhos e
os maridos.
Por fim o homem sai, e senta-se na
varanda, numa cadeira,a olhar a imensidão do mar.
Percebi tudo, aquele pobre homem não
queria, que o povo o vi-se.
Voltei para o quartel, estava intrigado
com tudo aquilo.
Nessa noite levantou-se uma tempestade,
que ouvia-se o ruído das ondas, aqui da minha janela do quartel,
virada para o mar.
So pensava, que o mar ia engolir a
ilha.
Adormeci, e quando acordei, e fui fazer
o meu passeio diário, á beira mar como era costume, muitas pessoas
por ali, e as mulheres faziam o seu pranto.
Ao chegar mais perto, verifico um corpo
morto, no chão.
Que tristeza, que teria sido.
Um velho pescador, contou-me que ontem
á noite, se fizeram ao mar, e tiveram um acidente, e aquele jovem
morreu.
Uma jovem rapariga grávida, chorava
junto dele.
Manhã triste aquela Norberto, fiquei
muito sensibilizado, e pensativo com tudo aquilo.
O que levaria aqueles homens ao mar,
numa noite medonha, como aquela de ontem.
O estranho, é que foram todos, a
correr para a casa amarela, e o tal pobre homem veio de lá, com uma
pasta, a correr em direcção ao que parecia já morto, e de facto
estava.
Voltei para o quartel, porque tocou o
telemóvel.”
Ora muito bem «dizia o chefe»:
-Temos um morto, que diz ele ter sido
do mar, ou seja afogamento, vamos ver o resto.
“Depois dos afazeres no
quartel, e já com visto marcado, para os Estados Unidos, voltei á
praia, dei uma volta junto ao mar, e por perto dos barcos, houve um
que não me era estranho, o do golfinho, fiquei a pensar e descobri o
tal barco, que o outro levou naquela noite, que depois parou o motor
e ele veio a remos.
Entretido a olhar o barco, quando oiço
gritos na direcção da casa amarela, e quando olho sai de lá uma
mulher jovem, parece-me grávida a correr em direcção as aguas,
continuando a gritar, e a chorar ao mesmo tempo.
Avançando pelo mar agitado, um homem
corre atrás dela, lutando contra as ondas e tentando puxa-la, para a
areia, fui para perto para oferecer ajuda, reparei que era muito
jovem.
Fiquei perplexo e muito confuso, com
toda aquele tragedia, seria o homem da casa amarela, o mesmo do
altar.
Esqueci toda aquela confusão, e dei
todo o meu apoio como enfermeiro, habituado a cenário de guerra
profunda, mas não destas tragedias, fiquei a saber que o homem do
salvamento era medico, quando este foi cuspido, por uma onda para
terra, e a grávida também.”
Olá! «dizia o chefe»:
-Temos aqui, uma equipa do INEM ?
Demos todos, uma gargalhada!
Eu fui almoçar, e os restantes também,
o chefe ficou a olhar o resto das cartas, por ler e escrevia,
apontamentos nas folhas, enquanto mordiscava uma sandes e bebia um
café.
Voltamos depois do almoço, para ouvir
o resto da historia, que parecia interessante.
Ficava muitas duvidas, sobre o
relacionamento de Norberto e richard.
Voltamos á sala, e sentamo-nos nas
cadeiras.
“Quando o medico recuperou, começou
a rapariga com dores de parto, puxamos a jovem para cima, o mais
possível da fúria das ondas, e fizemos o parto mesmo ali, do meu
telemóvel, pedi reforços ao quartel, que de imediato, chegaram.
Eu o medico, e a jovem, mais a equipa
de socorro, seguimos para o quartel, para tratar da jovem, e do bebé,
que parecia estar bem, entreguei-o ao medico, que agora sorria de
felicidade, enquanto a mãe esperava.
Eu sabia, que estava errado, mas queria
dar um momento de felicidade, aquele homem, que sofrera tanto nos
últimos dias, e que a salvara, da morte”
Levantei-me para beber um café,
imaginei o rapto do bebé, e estaríamos em trafico de crianças,
diriam á mãe que filho morreu, é típico este cenário.
Norberto descobre e matam-no, é isso,
é isso! Isso mesmo! fiquei em silencio, mas não por muito tempo, o
café fez-me dizer, o que sentia.
O chefe abanou a cabeça, que não! E
já lia a outra carta, de richard.
Então como seria?
André bebia uma agua, quando olha para
mim, e pisca o olho, percebi que pensava o mesmo que eu.
O chefe iniciou a outra carta, a quinta
ou sexta.
“Depois de a mãe ter repousado, e de
lhes terem sido feitos, os cuidados necessários e se encontrar
aparentemente, de boa saúde demos-lhe, o filho.
O medico, josef sharon foi de opinião,
que o bebe devia chamar-se richard júnior , em minha homenagem.
Fiquei sensibilizado, eu seria o
padrinho, não quais estragar a festa, mas dentro de dias, partiria
para os Estados Unidos.
Eu iria deixar, a legião estrangeira.”
Ficamos a olhar, uns para os outros, e
o chefe também.
-Esta o mistério desvendado, para
aquele lado «dissera ele»
Porra! «disse eu!»
O inspector que entrara entretanto,
corrigiu-me:
-Então! Então! Agente Joaquim santos!
Vamos com calma! Estão aqui senhoras.
Olhei á volta, e estavam de facto,
entraram sem darmos conta.
Eram estagiarias inspectoras, e
agentes.
O chefe continuou com outra carta, esta
de Norberto, batemos palmas, respondemos e coro:
-Finalmente, finalmente!
O chefe sorriu, outra que não seguiu,
e começou:
“Estou feliz, por ti richard, mais um
afilhado, fico triste por deixares a legião, eu tenciono voltar, a
vida ca fora não tem sentido, longe de todos vós, a minha família
é a instituição, que servi anos e anos a fio, e do qual espero
voltar, com novas missões e para sempre, sem atropelos, um abraço.”
Ficamos todos a pensar no mesmo, dois
legionários, um de saída, e outro de volta.
Cada carta é um mistério.
O chefe diz-nos, que ainda faltam umas
três.
Olhei o relógio, e estava na hora da
saída.
Ate amanhã, tenho que ir com o miúdo,
consulta dentista, é a minha semana.
O fim de semana, entrou e lá fui com o
miúdo para a praia, estava com tolha estendida na areia, quando uma
mulher se dirigiu a mim:
-Sr agente, lembra-se de mim?
Agora, o que é? que esta quer?.
«pensei eu»
-Sou a dona da casa, onde estava norberto! Lembra-se?
Dei um salto, da tolha.
-Sim! Sim! Diga!
A mulher, chegou mais perto:
-Já sabem alguma coisa, do sr norberto?
Não! «respondi»
-Não leram as cartas? «insistiu ela»
-Não! Quero dizer! estão para
investigação, «respondi de seguida»
-Muito bem, temos muitas saudades dele!
«continuou a mulher»
-Ah! Sim! Então porquê? «respondi de
novo»
O miúdo caiu e começou a chorar, que
queria ir á mãe, olhei a mulher, agarrei no miúdo e abalei, quando
ia de costas, lembrei-me do seguinte:
-Olhe ligue para PJ, agente Joaquim
santos, investigação criminal, III secção.
A mulher vasculhou o saco, e escreveu,
duvido que tenha conseguido, porque o som das pessoas, do mar e do
miúdo a “berrar” era difícil, mas nós tínhamos a morada dela,
e íamos lá se fosse preciso.
O fim de semana, foi com o miúdo,
porque a minha mulher, estava no Algarve, com a mãe dela.
Segunda-feira, a “seca”das cartas e
eu, com pouca paciência, levei o domingo “enfiado”no jardim
zoológico, em frente á jaulas dos macacos, porque era do que, o
miúdo gostava.
O chefe inicou, seca das cartas.
“Norberto, convenci o medico
israelita, a ficar com a mãe e o bebé, ate o assunto se resolver,
ela não era dali, mas da Etiópia, e pelo que pude saber, tambem não
tinha dinheiro, para ir para junto família, eu o que tinha, era para
regressar aos estados Unidos, ao Texas.
Vim a descobrir, por outros pescadores,
que a família dela, morrera nas guerras civis da Etiópia, e fugiu
com mais algumas pessoas, para ali.
Desconheço se historia será essa,
porque ela nunca fala, e o medico, também diz que não a percebe.
Muito complicado esta gente, por cá.”
Estou comovido, ate aos ossos, «disse
eu!»
O chefe mandou-me calar, «oh! Joaquim
Santos! Dispensamos, os seus comentários, populares! Esta bem?»
Percebi, que não gostaram, eu estava
farto de tanta “peta” “garruços” atrás de “garruços”,
o melhor era não dizer mais nada, se não chefe, diria de novo,
linguagem popular.
O chefe de novo: «oh! Joaquim santos?
É favor de se sentar!»
Eu nem me apercebera que estava de pé,
e já tinha bebido, sete ou oito cafés, so me lembrava da jaula dos
macacos, ontem e se a mãe não vem do Algarve, la tenho que ir outra
vez, hoje á tarde, quando sair daqui.
Hoje digo-lhe que os macacos foram ao
encontro da mãe, deles e vamos ver os leões, eu não tenho
paciência, para miúdos pequenos.
Com tudo isto, o chefe lia mais uma,
das muitas cartas.
“Norberto, dentro de uma semana,
parto para o Texas, não tenho recebido correspondência tua,
encontras-te bem? Estou preocupado!
Já falei em ti no quartel, e a
preocupação foi geral, também!
Esta será a minha ultima carta, porque
percebi que não as recebes, se recebes, responde.”
Complicado! «exclamou o chefe»
Olhamos todos, uns para os outros.
A minha mulher liga-me, a dizer para
não levar mais, o nosso filho a ver leões, de repente so pensei no
Sporting, olhava o leão, na secretaria do chefe.
Afinal era o episodio de ontem, no
jardim zoológico, o nosso filho levara a noite a ter pesadelos, que
eu e ele, a ser comidos pelos felinos, de pelugem amarela e farta,
que faziam rujidos.
Respondi á minha mulher, que para
próxima, leve-o a ver as águias.
Desligou o telefone.
Quando desliguei o telefone, estavam
todos a olhar para mim.
O chefe:
-Joaquim santos? Podemos continuar, ou
tem que ir almoçar?
Respondi de imediato:
-Sim! Chefe vou almoçar! O miúdo foi
para o hospital, e de tarde se calhar não venho, a mulher ainda esta
no Algarve, a mãe continua hospitalizada.
Estava farto das historias, aquilo não
dava em nada, e quem iria saber, daqueles dois americanos, era o FBI.
Já ia ao fundo da escada, quando o
André me chama:
-Oh! Joaquim! Anda cá! Pá! So já
falta duas cartas.
Pensei duas vezes, se calhar era melhor
ir!
La fui, sentei-me ca atrás, o chefe
continua.
“Amigo Norberto, fiquei contente, por
teres respondido, comprendo a tua decisão e aceito, por completo.
Entretanto os dias por aqui, tiveram
novidades, da relação de amizade, com o medico israelita, soube de
alguns aspectos, da vida deste homem.
Aquela ilha seria cenário, do seu
casamento, que não se realizou, pelo simples facto, de a noiva, ter
desaparecido na véspera, no iate dela, e nunca mais ter voltado.
Mas ontem veio o iate, e ela não.”
O André interrompeu: «parece o triangulo das bermudas»
O chefe continuou:
“O medico estremeceu, e os pescadores
acorreram á praia. Foi ai que eu descobri o que se passou, e porque
aquele homem, ficou no altar, sozinho e a mulher não apareceu”
Ficamos todos pensativos, olhamos uns
para os outros.
-Nunca pensei, que isto chega-se a este
ponto, mas tem que ter um final.
O chefe acrescentou:
-Pois tem, mas está fora da minha
área, porque passa-se no estrangeiro, o assunto terá que ser
transmitido, ás autoridade norte americanas ou senegalesas.
Continuaram as cartas.
“La foram ao banco de areia, onde
estava o iate encalhado.
Eu não fui, fiquei á beira mar, a
ve-los.
Quando vinham para terra, veio uma
ondulação mais forte, desencalhou o iate e levou-o de novo, desta
vez contra as rochas, que de imediato se começou a afundar.
Nuca se soube, do que se passara com a
tripulação, porque afinal, ela não sabia tripular iates, nem
barcos de recreio, nem de espécie alguma. Só carros desportivos.
Josef Sharon, olhava o iate, quando fui
busca-lo.
Trouxe-o, para o quartel, e convidei-o
a vir comigo para o Texas.”
“Regressei ao Texas, para junto da
minha família, Sharon regressou para Israel, do quartel, ligaram-me
esta tarde, que aparecerem uns corpos na praia, baleados na cabeça,
uma mulher e dois homens, desconfiam ser os tripulantes do iate.
Já estou desligado da legião, já não voltarei lá, imagino com estará sharon..”
O chefe, terminou as cartas.
-Agora é tentar saber, a morada do
americano, ou falar com a família de Norberto, se conhecem richard?
Ou participar o caso, aos colegas internacionais.
O Inspector foi tratar do caso, entrou
em contacto com a família de Norberto, acerca de richard,
ficamos surpresos, com a resposta.
-Bem! Amigos! temos novidades, e um
assunto ,que nunca mais acaba.
Sentou-se.
-Vejamos, Norberto e richard são
primos, do lado paterno, logo norte americanos, portanto dai as
cartas.
Respondi de imediato:
-Acabou o caso!
Todos olharam para mim, o chefe revirou
os olhos, e de seguida:
-Cala-se! Joaquim santos, vá mais
vezes, ao jardim zoológico, mas ver os golfinhos.
Todos deram um gargalhada, e eu também.
Respondi de seguida:
Não vejo golfinhos, mas golfinhas,
gólfinhas, giras, muito giras.
O inspector continuou:
-Pedi o contacto de richard, á legião
para falar com ele, porque talvez Norberto, tenha voltado para
legião, e estou á aguardar tambem, que família dele, diga alguma
coisa, sobre este assunto.
Ficamos á espera, das respostas, que
viessem dos telefonemas, mas não demorou muito tempo, que richard,
liga-se, acerca do norberto, depois do inspector falar com ele, sobre
o sucedido, richard prometeu tomar diligencias, para saber o
paradeiro do Norberto, sem entrar em detalhes, garantiu que traria
boas novas.
A família portuguesa de Norberto,
voltou para Portugal, falamos com eles, mas não se
mostraram disponíveis, para falar sobre Norberto, e que para eles o
assunto, estava encerrado.
Richard finalmente trouxe novidades de
Norberto, estávamos todos reunidos na sala inspector.
-Inspector Eduardo, falei com Norberto,
ele esta bem, encontra-se em serviço na legião estrangeira, e mudou
de identidade, dai haver o problema das familias dele, em não
conseguirem encontra-lo, isso deve-se ao facto, da mudança de
identidade.
Já falei com ambas as famílias, eles
não entendem porquê, mas são opções pessoais.
Richard, falou pouco mais sobre o
assunto, e de imediato, o inspector contatou, de novo a legião
estrangeira, acerca de Norberto, que confirmaram isso mesmo, que
richard, tinha acabado de dizer, as respectivas famílias, não
quiseram falar mais, sobre esse assunto.
O inspector cabisbaixo, olhou para nós.
-Um mundo complexo, o caso de Norberto
smith, o processo do desaparecimento, esta encerrado, ele voltou para
legião estrangeira, para sempre, e pediu o anonimato.
ana paula alberto caldeira,
09/08/1995
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UMA VIAGEM SEM REGRESSO.
Estava eu, a vaguear, pelas ruas daquela cidade do
interior de Portugal, quando vejo, Mário da Silveira, com um grande Porshe, e
uma loira bombástica, junto dele.
Na altura, escondi-me,
para ver para onde ia sua excelência, mais o “filete”.
O mariosinho, dirigiu-se a
uma agencia de viagens.
E eu fui atrás:
-Oi Mário, como vai isso?
De imediato, Mário
conheceu-me e esboçou um grande sorriso.
-Oh pá! quanto tempo, não
te vejo!
Eu dei-lhe um abraço, eu gostava
do tipo.
Conversa, puxa conversa, e
Mário, estava de abalada, para o Paris, do outro lado da rua, o “filete”
platinado, chamava-o:
- Mari, vem! Dono do
stand, quer aqui você, para pagar carro novo para mim, vem xuxu!!
Tive vontade de rir, e
chorar, sei lá! Ate me enchi de suores, Mário olhava-a, e sorria, como um
parvinho, apaixonado, e eu também, de igual modo, uma doçura de mulher, parecia
uma “mon cheri”.
Disfarcei, Mário foi em
sua direcção, mas antes perguntou-me como ia minha vida, tive vontade de lhe
dizer, arranja-me uma mulher como a tua, e serei o homem mais feliz do mundo, a
“filetezinho”, era linda.
Respondi, ao meu amigo de
longos anos.
-Mario! Estou mal, perdi
emprego, perdi a casa, perdi mulher, e perdi filhos.
Mário ficou assustado.
-A sério? Morreram?
Não devia ter dito aquilo.
-Não! Amigo, mulher
divorciou-se de mim, e levou filhos, para Angola, e arranjou outro, e eu fiquei
por cá, desempregado.
Mário, olha para mim, e
sorriu.
-Ok! Olha amanhã parto
para Paris, se quiseres vir, pode ser que consiga arranjar, por lá algum
serviço, não direi definitivo, mas por algum tempo, sabes que isto em França, já
não é como era, como no tempo do teu pai, década de 50, 60 e até 70, em alguns
casos.
Mário virou as costas e
abalou, entretanto vasculha os bolsos, e tirou algo, e me deu, para eu guardar.
-Toma! É para comeres, e
comprares roupa, telefona-me se quiseres ir, Luana não vai, vamos só nos os
dois.
Mário, seguiu direcção
stand, e eu segui, para outra rua, virei na esquina próxima, e meti-me numa
igreja, que so descobri quando entrei.
-Óptimo, aqui posso ver, o
que ele me deu, bestial 500 euros, mais o seu cartão de contactos.
Mas que faço eu, um ateu
e anarquista, numa igreja? Estranho aquele lá fundo, parece sorrir para mim,
Ahhhhhhhhhhh, espera ai, o que fazes ai nessa cruz, pendurado? Francamente,
ainda há quem tivesse sofrido, mais que eu! Não te tiram dai porquê?
Coitado, deixa ver ao
menos, como se chama! Hummmm, Jesus de Nazaré? estranho, não deve ser da
nossa Nazaré?!
Mas como sou estúpido,
aquele ali pendurado, é Jesus Cristo, o que minha avó dizia, que fazia
milagres, pois é? Por isso é que a minha ex-mulher me deixou, como eu lhe dou
razão, quando ele me chamava:
-Ès mesmo burro! Chico! .
Tinha razão, olhei para
nota de 500 euros, e para o Cristo.
-Olha amigo, eu tenho pena
de ti, e gostava de te tirar dai, mas preciso muito deste dinheiro, o que
fazemos?
Já vinha de volta, quando
tropecei, num saco de plástico, com algo lá dentro.
-O que é isto, um saco com
uma coisa preta, estranho!
Abri, fiquei deslumbrado,
uma carteira, com 100 euros, e muitos trocos, olhei para trás, e parecia, que o
homem da cruz, sorria para mim.
-Pois é! Amigo! e agora? o
melhor é dividir, ao meio? O que achas?
Entram pessoas na igreja,
e só tive tempo de guardar tudo, no bolso e sair dali. Quando cheguei á porta,
olhei para trás, e sorri.
-Um dia, dar-te-ei a tua
parte, amigo! Obrigado!
Aquele dia, para mim foi
um sonho, de um momento para o outro, já tinha dinheiro, para gastar em todo
lado, e pela primeira vez pensei bem, o que fazer.
Perdi a fome, mas comi,
comprei roupa, nos chineses, e uns sapatos novos, dormi na pensão, mas antes
telefonei ao Mário, e de madrugada, já passávamos a fronteira de Elvas, comemos
em Badajoz, e seguimos, ao norte de Espanha.
Eu conhecera aquelas
estradas, a minha vida tinha sido, ali a trabalhar, anos e anos a fio, a
conduzir os TIRs e estava novamente em viagem.
Mário não levou o Porshe,
mas o Ferrari estranho, não me deu o sono, mas deu-lhe a ele, e quem conduziu o
Ferrari fui, eu não passei dos 90 km/hora, nas auto-estradas.
Parei numa estação de
serviço, em Burgos, que eu conhecia, Mário ficou a dormir, ainda o abanei, ele
abriu o olhos e ficou outra vez a dormir, levei a chave comigo.
Entrei na estação de
serviço:
-Bom dia, queria um café?’
Abanei as chaves do
Ferrari, para sacudir o pó, e as mulheres que ali estavam, ate torciam os
olhos, e ajeitavam o cabelo, e as blusa justas, que não desciam mais.
O cavalo preto, no fundo
vermelho, tinha um certo poder, sobre elas, e deixava-as doidas.
Por mim não era de
certeza, porque eu era feio, como o “caneco”, só a minha ex-mulher dizia, que
era lindo! em certas alturas, também não era sempre, porque a maior parte das
vezes, era para o cão.
Mário acordou, e veio
comer para a mesa, fui fechar o carro.
Cheirava-me a um cheiro
esquisito, sei lá, urina de gato, pensei. «não acredito gatos urinar, nas rodas do
Ferrari!» mas não, havia era ali arruda aos montes, interessante a planta das
bruxas, se calhar dava jeito.
Quando Mário saiu do café,
andava eu, a escolher ramos de arruda.
Mário, chamou-me.
-Anda! os gatos já vieram
urinar nas rodas do Ferrari, olha aqui tudo molhado, o que andas ai a fazer?
Menti, disse que fora
atrás de um gato, que urinava para o carro, e apanhei-o.
Mário acreditou, mas
exclamou:
-Hummmmm! Cheiras a “mijo”
de gato, e é dai das calças.
Eu trazia arruda no bolso,
e disfarcei.
Mário guiava o Ferrari,
quando entramos nos baixos Pirinéus, paisagem deslumbrante, como sempre,
estávamos em Maio, os campos verdejantes, e floridos as montanhas pontiagudas, ainda
com alguma neve, e grandes vales a perder de vista, com as pitorescas casas da
montanha, aquele sitio fascinavam-me.
Eu passara ali, mais de
100 vezes, quando fazia serviços para norte da Europa.
Mário olhava a estrada, e
as curvas dos Pirinéus.
Imaginava o meu pai e
outros a atravessarem, aqueles trilhos escondidos pela vegetação, a salto com
os contrabandistas, para terras de França, foi duro, a vida para algumas
pessoas, e é dura, tal como o Cristo na cruz, não era para tirarem dali o
homem.
Se a outra me ouvisse,
diria logo de seguida: «porque é que és, estúpido?»
Se calhar sou, sei lá!
Meti conversa com Mário:
- Hei Mário, que tal
paisagem?
Mário estava atento ás
curvas, e o Ferrari voava, pensei: «é hoje que morro aqui!»
Mário tinha sido piloto de
formula1, Formula Drift, e participara nas 24 horas de Le Mans
Cada vez que surgia uma curva, agarrava-me ao acento, pensava:«meu Deus, ja não vejo mais, a minha ex-mulher e os meus dois filhos!, hoje morro, aqui! num destes penhasco, metido num Ferrari, meus filhos dirão, «o que nosso pai ,faria dentro de um Ferrari, com outro homem? Talvez contrabando? Ou outras coisas»
Cada vez que surgia uma curva, agarrava-me ao acento, pensava:«meu Deus, ja não vejo mais, a minha ex-mulher e os meus dois filhos!, hoje morro, aqui! num destes penhasco, metido num Ferrari, meus filhos dirão, «o que nosso pai ,faria dentro de um Ferrari, com outro homem? Talvez contrabando? Ou outras coisas»
Eu estava habituado a
guiar TIRs, paramos para jantar, Mário olha para mim:
-Jantamos aqui, e dormimos
aqui, e depois seguimos para Paris.
Eu não conhecera, aquele
sitio, estava desconfiado, alem disso era de noite, veio logo um tipo muito
simpático, francês falar com Mário, levaram o Ferrari, e deixaram-me ali,
naquele sitio, á porta do Hotel Croix de Malta.
Só me lembrava, do meu
pai, teria passado pelo mesmo, quando foi para a França.
Estava intrigado, com o
sitio.
Vieram buscar-me, uma das
mulheres, era freira pensei: «mau! ou é mesmo freira! ou é um disfarce, e a
noite é boa! Comecei-me a rir»
Reparei que a mulher não
achou piada, e pegou-me no braço, e fez com que eu entra-se, no hotel, «pensei
de imediato» agora de seguida leva-me para a cama.
O meu francês, meio
aportuguesado, fiquei a saber, para onde me levara Mário.
Estava, no santuário de
Lurdes, Pirinéus Franceses.
Fui dar um passeio, á
procura de Mário, eu nunca ali tinha ido, cruzei-me com ele, ali perto.
Fomos para o hotel,
para o jantar, e nessa noite saímos, encontrei o tipo da cruz, numa basílica
subterrânea, dei-lhe o que lhe devia, mas reparei que uma imagem de mulher de
azul claro, sorria. «ou estou bêbado, ou estou maluco!, quem é aquela?»
Foi-me dito, por um homem,
que se tratava de Notre Dame de Lourdes, Mário estava do outro lado, da basílica
subterrânea, e ainda bem, se não era mais um, a dizer, como diria minha ex-mulher
:
«Ès mesmo estúpido!
Chico»
Passara ali perto,
centenas de vezes com os TIRs, para o norte da Europa, mas nunca desviei para
ali, nunca tinha tempo.
Agora tive, porque estava,
desempregado e sozinho na vida, e um amigo deu-me a mão.
Apeteceu-me chorar, mas
não consegui.
O homem que me
acompanhava, despediu-se de mim, e seguiu para casa.
E fui andado, junto ao rio
de leito branco, ou seja de gelo, lá de cima das montanhas.
As noites aqui, eram
sempre frias, nos Pirinéus franceses, e em toda esta zona montanhosa, que é os Pirinéus.
Isso eu sabia, porque
costumava dormir em Toulouse, ali perto.
Fui andando, esfumando um
cigarro, e as luvas calçadas, e o blusão fechado.
As luzes junto ao rio,
estavam acesas, ate á gruta, onde estava a imagem da santa, parei-me junto
dela, a contempla-la, sozinho naquele lugar, afastado do Santuário.
Completamente distraído, quando
me tocam no ombro, dei um salto, e desatei a fugir, so parei no hotel, ou seja
num largo, que eu não sabia, ao certo por onde seguir.
E agora pensava eu, quando
minha ex-mulher dizia, nestes casos: «liga o Google maps, ou o GPS»
A minha ex-mulher e eu,
éramos muitos parecidos, nestas coisas, complicadas.
Telefonei ao Mário, e ouvi
uma voz atrás de mim, e corri, de novo, por aquelas ruas estreitas, dos hotéis
do santuário, do outro lado, era o Mário, ao telefone a falar comigo.
-Olha, lá! já sei porque a
tua ex-mulher, te deixou! -«disse o
Mário!»
Venho a correr atrás de
ti, desde gruta de Notre Dame, para te dizer que o hotel é aquele ali, ou seja,
era ali, por agora fica lá atrás, temos um longo caminho ate Paris, vamos
embora para o hotel, deixa-te de graçolas.
No outro dia de manhã, um
dia de Maio enovelado e frio, tomamos o pequeno almoço, e seguimos, num Audi.
Levávamos companhia, ate
Limoges, o percurso de paisagem florida, já não há gelo, mantos verdes, e
campos com gado a pastar, com muita erva
fresca, muito sol para aqueles lados.
De seguida uma arrancada
ate Paris, o Ferrari apareceu outra vez, e seguimos.
Cheio de curiosidade,
perguntei-lhe, o que se passara com os carros.
-Este Ferrari é outro
«respondeu o Mário» o Audi, era do frade da ordem de Compostela, que veio para
Limoges, para uma congregação.
Adormeci ate Paris.
Eram duas da amanhã, quando
chegamos, Mário acordou-me.
-Acorda Chico, chegamos, á
torre Effiel, esta ali um grupo de francesas, a fazer-te adeus.
Ergui a cabeça, e olhei á
volta, mas não vi nada, ou seja, vi varias mulheres a beira das ruas, meias
despidas, a sorrirem, para nós.
Colei-me ao vidro, a fazer
adeus, pensei para comigo, lá se vai parte dos 500 euros, que me dês-te.
Mas não, fomos para outra
zona da cidade.
Uma pensão conhecida, do
Mário em Montmartre, ficaria a ser a minha casa, enquanto ali estivesse.
-Chico, ficas aqui nesta
Pensão, e alem disso também tem os bares, estão abertos e os restaurantes, no
caso de queres comer, eu vou andando, depois passo por aqui, para te levar
amanhã, para teu trabalho novo, na casa CD não tenham medo, o teu trabalho é parecido,
ao que fazias nos TIRs, transporte na
cidade e arredores, e etc.
Juízo! vais te relacionar,
com gente da alta sociedade, francesa e europeia, os que não são, para lá
caminham, ou são amigos deles.
A tua ex. mulher, não esta
em Angola, mas no Porto, com os teus filhos, arranjou, la trabalho, mais uma
vez, Juízo!
Mário abalou, e fiquei á
porta da Pension Sacre Coeur.
Entrei, na pensão, a
recepcionista, esperava-me e dava-me as boas vindas em português, era
portuguesa, estava ali há muitos anos.
Só me lembrava, do meu pai
quando relatava, a sua vida pela aquela cidade, que o recebera, há muitos anos.
-Amiga, como se chama? O
que se come aqui??? «a rapariga, respondeu de imediato.»
-Sr Francisco, amanhã de
manhã, o pequeno almoço é entre as 8.00 e 9.00 horas da manhã, o almoço entre
as 12.30 e 13.30 horas e o jantar entre as 19.00 e as 20.30 horas, deseja mais
alguma coisa?
«não!! Respondi!»
-Então o seu quarto, é no
1º andar, se quiser se divertir, ao fundo da rua, esta o Moulin Rouge.
Ficou a olhar para mim, e
eu subi as escadas.
-Até amanhã.
A rapariga, respondeu de
seguida:
-Até amanhã, sr
Francisco.
Não tinha, mais nada que
fazer, que me ir enfiar no Moulin Rouge.
Dos 600 euros, que tinha,
já sobra pouco, a partir de agora, a minha vida, vai ser outra.
Olhei a janela, o
Montmarte, não era muito diferente, do que eu via nas revistas, apesar de ser
de noite.
Mário liga para mim,
estava eu prestes deitar-me.
-Francisco? Amanhã vou
buscar-te ás 8.30 horas já falei com monsieur yves Jacques, acerca do teu
trabalho, na casa CD, juízo! A tua vida pode mudar, radicalmente, ate porque há
hipótese , de voltares aos TIR, através de uma empresa alemã.
Deitei-me a pensar na ex-mulher
e nos filhos, fazia bem telefonar, mas não tenho o contacto deles, talvez o
Mário me pudesse ajudar.
Mário apareceu, como
prometido, e fomos á casa Cristian Dior, um camião esperava-nos, carregado de
mercadoria com marca CD para seguir para Londres, não fui sozinho Mário foi
comigo.
Mário, contou-me pelo
caminho, a hipótese de ambos irmos para Ferrari, para ou BMW para grandes
prémios de formula1 ou outras, ou Estados unidos da América.
A estrada era toda minha,
muito dinheiro vinha por ai.
Fizemos percurso a meias,
eu ate Amiens e Mário ate Calais, atravessamos o Canal da Mancha e chegamos a
Dover, reino Unido, rumei a Londres.
Descarregamos a mercadoria
nas lojas, CD atravessamos de novo Londres e voltamos para trás, para Paris,
engraçado nunca tinha vindo a Londres, só á Escócia.
Mário falava ao telefone,
em inglês, eu conduzia o TIR.
Eram três da manhã, quando
chegamos, arrumamos o TIR, e seguimos para o Moulin rouge. «a minha desgraça,
estava iminente, a loura russa deu-me volta á cabeça, e á carteira»
Mário, desapareceu, no
meio das luzes, e eu acordei num hotel em Paris, nú em cima da cama, e o telemóvel
a tocar.
Estou desgraçado, o dono
da loja a perguntar onde estou, porque precisam de mim, para levar as meninas
ao desfile de moda.
Dei uma desculpa, que
estava no transito infernal parisiense, e tinha havido um acidente, isto estava
um caos, perguntou-me onde estava, respondei de imediato, que não sabia, não
conhecia ainda bem Paris, mentira, entrei ali dezenas de vezes.
O serviço para hoje, era levar
as meninas ao desfile, o que começa a ser algo muito doce, como é bom viver, longe
da família.
O chefe da loja,
acreditou! Telefonei ao Mário, levaram-me a roupa, e eu tinha que sair dali,
rapidamente.
Mário tinha o telefone
desligado, a minha desgraça, estava todo nu, e com barba de dois dias por
fazer, e o patrão a telefonar onde é que eu estava.
O telefone da recepção
estava ocupado, e fiz o que vi, muitas vezes nos filmes, sai com a tolha á
cintura, e desci la abaixo, a minha sorte é que não havia, por ali pessoas, e a
toalha nunca caiu, sorte a minha.
Tinha que fazer
algo, rápido e não perder o emprego, que começara a ser muito bom.
Mulheres e viagens, eu vou
com as meninas, para todo o lado.
Mário continua com o
telemóvel desligado, o chefe do hotel arranjou-me uma roupa, depois de lhe
explicar, um episodio diferente do, de ontem á noite.
Segui para a loja, Madame
Gerard esperava-me com um grupo de modelos, embarcamos na carrinha, da empresa,
e fomos para a sessão de fotos.
Eu estava eufórico, com
tantos “filetezinhos”, esqueci-me da ex-mulher e dos filhos, eu era um homem
feliz, Mário interrompe o meu sonho.
-Chico! o que se passa,
tenho 20 chamadas tuas, e mensagens aos montes, que maluqueira foi essa,
tiveste problemas com Maruska? «fiquei irritado, e respondi ao Mário»
-Não Mário!, fiquei foi
sem roupa! E sem dinheiro, e estou todo nu, foi só isso!
E para sair do quarto, foi
com uma toalha á cintura, valeu-me a simpatia do chefe dos quartos, que me
emprestou a sua roupa, que vou ter que devolver.
Mário, ficou em silencio,
mas depois respondeu.
-E eu também!
Linda aventura, no Moulin
Rouge, nunca mais, «respondi, eu!»
Madame Gerard, chama-me
para dar ajuda ás meninas, desliguei o telefone ao Mário, e segui as ordens da
madame francesa, da casa CD.
Fomos para o sul de
França, para sessão de fotos, ficaríamos ali pelo menos três ou quatro dias, eu
não conhecia a Corte Azur, e fiquei a conhecer, era um local magnifico, pensava
eu que conhecia tudo.
Aquele local era muito
solarengo, um hotel que era sobranceiro ao mar, eu acompanhava as jovens
manequins, que me despertavam as atenções.
Mário telefona-me:
-Chico? Onde andas?
Respondi:
-Na China, a olhar a
grande muralha, e a ver os golfinhos na piscina!
Mário deu uma gargalhada,
que ate madame Gerard ouviu.
Mário insistiu, e eu
respondi:
-Na Cote D Azur! Filho!
Com os “filetezinhos”.
Mario do outro lado:
-A tua mulher, procura por
ti, digo-lhe onde estas?
Fiquei, em silencio, tive
vontade de dizer que não! Mas não tive coragem.
-Olha Mário diz-lhe a
verdade, mas por enquanto, não devem vir, porque o dinheiro não chega.
Mário, do outro lado:
-Vou transmitir, que estas
bem, e com emprego, e logo que possas, mandas noticias, fica com o contacto
dela.
Fiquei contente, eu
gostava da minha ex-mulher, talvez eu conseguisse arranjar alguma coisa para
ela.
Os dias passaram rápido, e
estávamos de volta, quando o meu telefone, toca.
Atendi, e era voz da minha
ex-mulher, desliguei.
Telefonei ao Mário.
-Diz á Ângela, que não me
telefone, não tenho nada para lhe dizer.
Mário não respondeu.
As viagens, com as manequins
continuavam, já sem madame Gerard, apenas os fotógrafos as raparigas, que fazem
a maquilhagem, e as estilistas.
Estava ocupadíssimo, eu já
ajudava as meninas a vestir e a despir para mais depressa, comecei a desfilar
com roupa, da casa com a falta de um manequim, o anuncio do perfume da casa,
apareci eu.
Peguei no telefone, para
ligar á Ângela, e desliguei, tinha uma peça de soutien, em cima da cabeça, uma
menina, trocara de langerie ali mesmo, a minha frente
Mário surge, nessa semana
pela primeira vez, depois do incidente com Marouska.
Fomos jantar, depois da
minha saída da loja, não fui para o Moulin Rouge, mas para casa.
Pensava na Ângela, e nos
miúdos, e olhava á volta do quarto da pensão.
Tinha que voltar aos TIR,
e dar este emprego, na CD á minha ex-mulher.
Junho já ia no fim, e
surge o meu primeiro ordenado, na casa CD fiquei maravilhado, bestial como é
bom viver, em Paris.
Falei com o Mário, para
lhe dar os 500 euros, que me dera em Portugal, mas Mário não quis, Mário era um
tipo bestial, eu sabia disso, fui a uma igreja e dei ao tipo que esta na cruz.
-Olha, são para ti, tu
também me ajudas-te, a sair daquele sufoco, obrigado.
De seguida coloquei a
nota, na caixa onde diz Jesus Cristo, deve ser aqui.
Informei-me com uma pessoa
que ali estava, e confirmou isso mesmo.
Um “filetezinho”, cruzou-me
comigo, ao sair da igreja.
-Então, onde vai? O que
faz aqui? Não quer ir comigo, para o Mónaco, para semana? Vamos ao principado,
apresentar a nova colecção da CD, vou mais a Ingrid e a Marie!
A modelo era linda, muito
alta, loira nórdica e uns lindos olhos azuis da cor do céu, fiquei em silencio,
a olha-la.
Vá venha «dizia a modelo!»
preciso da sua ajuda, para me ajudar a vestir e despir depressa, as colecções
de Michele Gaipan.
Deixei cair o cheque, para
o chão, que de imediato, apanhei.
Esta bem! Esta bem! «respondi
de seguida».
Onde estou metido, estou
encarregue por elas, de as vestir e despir, já vi mais mulheres nuas num mês,
do que em toda minha vida.
Mas eu gosto disto, ate
ver.
Voltei para a loja, depois
da manequim, seguir pela avenida, em direcção ao carro, de longe pareceu-me que
conhecia, quem conduzia o Porshe, aquele tipo não me era estranho.
-Estou, Mário? Onde estás?
Do outro lado, Mário ria á
gargalhada:
-Estou no Porshe preto,
para onde foi Myriam, já passo ai, para irmos carregar o TIR, para o Mónaco.
Mário apareceu, com Josefine
que chegara á pouco a casa CD, Josefine, ficava entregue a mim, e a viver na
pensão, ate encontrar, outra casa.
Carregamos o TIR e Josefine
vem comigo, a pensão estava cheia, e Josefine olhava para mim.
-Eu fico no seu quarto?
Olhei, bem Josefine, e
pensei, «mais um “filete”», concordei, de seguida.
-Esta bem! Pode ser, eu
vou dormir com o Mário.
Chegava a pensar, se o meu
pai, teria passado por tudo isto?
Se calhar não! Por isso
abalou para Portugal mais cedo, e dedicou-se á agricultura.
Se ele tivesse, este meu
trabalho aqui na França, eu não tinha nascido.
Nessa noite dormia na
pensão, onde estava Mário.
Cruzo-me com Josefine,
muito triste perto do Sena.
Encostei-me a Josefine e
sorriu.
Convencia a ir connosco
para o Mónaco, para semana.
E josefine concordou.
Fiz aquilo no ar, eu nem
sequer sabia, se a marca CD a queria levar.
Naquela noite, falei com Mário
queria voltar aos TIRs.
Mário, ficou de resolver o
assunto.
Os dias na CD foram
tranquilos.
Poucos dias depois, Mário
liga, estava eu já deitado.
-Mário?
Do outro lado boas
noticias, pela voz de Mário.
-Olha pensei no teu
assunto, que tal ires pisar o asfalto norte americano, e ate á Califórnia? Os
donos da empresa americana, são luso descendentes! Que tal? Dólares, contrato
por dois anos.
Era muito dinheiro, «eu
respondi ao Mário.»
-Eu vou!.
Eu só já via o asfalto
Califórniano, eu era apaixonado pelos TIR, vasculhei os números do
telemóvel, e encontrei alguns contactos de colegas que trabalharam nos Estados
unidos, escolhi Jean Jacques.
Jean Jacques estava na
Noruega quando atendeu o meu telefonema.
-Oi, português? Como vai
isso?
O entusiasmo de Jean Jacques,
deu-me vontade de lhe fazer uma pergunta.
-A tua empresa americana, precisa
de pessoal para os TIR?
Jean jacques, do outro
lado, pareceu sorrir:
-Há sempre lugar para ti,
companheiro português, mas eu agora pertenço á BMW alemã, mas posso falar com
eles, se quiseres? Mas há uma companhia de portugueses descendestes, nos Estados
Unidos, que talvez te dê trabalho? Ou vou ver os dois casos, depois ligo,
sempre tens opção de receber em euros, ou em dólares.
Aguardei, a resposta de
Jean Jacques, já não fui para o Mónaco, naquela semana atribulada.
Na manhã seguinte, segui
com Mário para Roma, com mercadoria da CD para as lojas, daquela cidade..
Passávamos a fronteira,
Francesa com a Italiana, já íamos em Turin quando o telemóvel toca, é Jean Jacques,
atendi de imediato, sem responder.
Do outro lado, a voz de Jean
Jacques:
-Português? Tenho boas
noticias, a BMW, quer conhecer-te, e os americanos também! onde andas?
Parei o TIR e respondi:
- Estou a caminho de Roma,
vamos na estrada que liga Turin a Milan, norte de Itália.
Jean Jacques:
-Diz ao patrão, que
precisas vir á Alemanha, ou aos Estados Unidos ver o teu irmão que esta doente.
«de seguida desatou a rir»
- Estamos na Baviera, e para semana ficamos á tua espera.
- Estamos na Baviera, e para semana ficamos á tua espera.
Não disse ao Mário,
aguardei a chegada, a Roma.
-Quem era «perguntou o Mário?»
Respondi:
-Ângela, esta na Baviera,
arranjou trabalho, foram os tios.
Mário, olhou-me
desconfiado..
A viagem seguia para Roma,
Mário não falou uma palavra.
Eu compreendia, mas a
minha vida não era só, a vestir modelos e a despir modelos, eu gostava do
asfalto e dos TIR.
Entreguei o TIR ao Mário,
e embarquei num avião para Alemanha, depois logo resolvia, se iria aos Estados
Unidos.
A desculpa era, os tios
doentes, telefonei á Ângela, para não abrir a boca, no caso de Mário lhe ligar.
Ângela estava na Alemanha
também, em casa dos tios, mas em breve iria para Angola, para junto da
irmã mais velha, que tinha um restaurante em Luanda.
Naquela semana, fui á BMW
alemã e á Califórnia, com Jean Jacques.
Fomos conhecer, a Companhia
TIR and Brothers, de luso descendentes, que transportava todo tipo de
mercadorias, e alugavam TIRs.
Era ali que ficava a
conhecer, a celebre route66, que atravessava uns sete ou 8 estados, Norte Americanos.
Para já, a minha vida
seria por agora, tomar uma decisão entre a BMW alemã, e a companhia Californiana,
dos EUA, quem paga mais!
Era o que eu precisava,
para decidir o que fazer.
Tinha de tratar dos
vistos, para poder trabalhar lá, a embaixada Portuguesa em Paris, tratava disso.
Jean Jacques, convenceu-me
a ficar na Alemanha, mais simples e muita gente conhecida, contamos o segredo
ao Mário, mas ele preferiu, voltar á formula Drift, em Itália ou Formula1.
Tencionava voltar, trabalhar na Ferrari, nós compreendemos a
paixão dele, pelos carros de competição.
Eu ia despedir-me da CD,
em breve tempo, e com muita pena.
Grande camaradagem, e uma
vida com muita gente, conhecida, da alta sociedade.
Adiar o regresso para Portugal, estava nos meus planos, a curto prazo eu
gostava desta vida, no estrangeiro e dos TIR e do asfalto, e conhecer novas
gentes, outros costumes, e paisagens.
A viagem para Portugal, não tinha para já! um regresso.
Ana Paula Alberto Caldeira, MAI 1995A viagem para Portugal, não tinha para já! um regresso.
umateladearco-iris is licensed under a
AMOR E SOLIDÃO
Na solidão da sua casa, a poetisa, escrevia sobre um amor
perdido, para os braços de outra mulher.
Na tv, passava um filme, adormeceu, deixando o rascunho ali, perto de si.
Na tv, passava um filme, adormeceu, deixando o rascunho ali, perto de si.
“Partiste e eu na esperança que voltarias, tal como nos outros dias.
Sozinha olho o horizonte aqui da janela do meu quarto, do
mesmo sito que te via abalar, naquela tarde invernosa, desde esse dia nunca
mais consegui, escrever em prosa.
As lágrimas correm uma a uma pelo meu rosto, o Inverno
passou, a primavera, veio, e o verão chegou. As tuas coisas, ficaram comigo,
aqui neste quarto que foi nosso, e eu não posso viver mais este remorso.
As folhas já caem, neste Outono ameno, estão velhas e
amareladas, como os livros da estante que tu tanto amavas, e que passava horas
a contempla-las e falavas, das historias por onde, andavas.
Batem á porta, os cães ladram, quem será meu deus, serás tu
de novo, ou será barulho do vento.
A minha imaginação traiu-me de novo, quando abri a porta era
o carteiro, com cartas para ti de novo.
Não tive coragem de as abrir, eram amigos teus, mais tarde
descobri, desejavam-te os parabéns, tentei escrever algo sobre ti. Precisava
sair, deste espaço e faze-las seguir para o destino.
As horas passaram e já era tarde, o sol escureceu, acendi as
luzes da sala, uma pilha de livros em cima da tua mesa, porque já não cabiam
nas estantes, e muitas cartas por escrever, na secretaria.
Sentei-me no sofá onde me sentava tantas vezes, a contemplar
o teu retrato, o mesmo de muitos anos.
Batem á porta, o medo apodera-se de mim, os cães não
ladravam noite já ia longe e eu nem dei por ela passar, escondi-me quando
ouvi a porta ranger, os cães não ladraram.
Estava na capela, quando vi, que eras tu, que voltara de
novo para mim, e foi ali que tu me encontras-te, tal como nas outras vezes,
que tu fugias de mim”.
Acordei tarde, naquela manhã chuvosa de outono, o despertador tocara com se fosse um dia de semana, os cães ladravam e eu sorri, caminhei pela casa, em pijama.
À porta, estava o vizinho Bakary, que chegara de novo da sua
arábia saudita
Sorriu, quando me viu de pijama, não era por mim, era das
vaquinhas com a língua de fora, deixou os meus pedidos de café, e abalou
envergando os trajes sauditas, como era seu habito, quando regressara.
Voltei ao rascunho, os cães ladravam, estranho eu já apagara
a Tv, debrucei-me e o barulho, vinha do fundo da rua.
Estava difícil tornar ao livro “amor e solidão”, naquela
tarde acinzentada.
A campainha toca de novo era Bakary , que viera trazer chave
do palacete, do conde S. Estêvão.
Nesse dia saboreei o café gostoso e cheio de paladar da
arábia.
Voltei ao livro, guardei a chave do palacete como era
costume.
Li o rascunho que escrevera, parecia ter sentido, sai um
pouco para a rua, parei-me em frente do palácio do conde, quantos historias não
teria aquele palácio, naquelas bibliotecas, e quem sabe, diários secretos.
Apesar de ter a chave, não me atrevi a entrar, Bakary não
estava, e o meu relacionamento com ele era distante, mas amistoso.
Voltei para casa, a sala das telas estava em desordem,
as estantes também, e a cozinha igual.
Os dias que se seguiram, foram chuvosos, e frios, acendia a
lareira da sala, e ficava por ali. A organizar as telas, e a pintar, novas.
O livro ia ficando adiado.
Os cães ladravam de novo, pensei de imediato, gatos por
perto.
Anoiteceu, adormeci no sofá do atelier.
A campainha toca e os cães ladravam, ignorei, não fosse a
voz de bakary, na janela da sala.
Levantei-me ensonada, era de facto bakary , com uma caixa de
livros da biblioteca do palacete do conde estêvão.
Fiquei radiante, e bakary também, entrou e colocou a caixa
no atelier e contemplou as telas, colocou dinheiro em cima da mesa e levou as
que mais gostava.
Quando saiu, reparei que o atelier ficou mais vazio e um
monte notas, ali agrupadas em conjunto.
Os cães ladravam, mas desta vez devia ser gatos, porque
depressa se calaram.
Não voltei a ver Bakary.
A caixa com os livros continuava ali, no meio do atelier, a
sala voltou a encher-se de quadros.
Abri finalmente a caixa com pacotes de café, livros e uma
carta.
Abri a carta:
“Querida amiga,
Decidi fazer do palacete uma fundação, brevemente terá vizinhos novos, e a minha presença mais assídua, por estes lados.
Entretanto como os negócios correm muito bem, resolvi
comprar o bairro inteiro.
A sua casa esta incluída.
Esta carta tem como principal objectivo, convida-la para
presidente da Fundação Príncipe Bakary Hamed Abulah.
Espero que aceite.
Brevemente indicarei, quem vai trabalhar, ao seu lado.
Continue com as suas telas e os seus livros.
Bakary.”
Era habito bakary deixar cartas debaixo da porta, a encomendar telas, e livros.
A campainha toca e os cães ladram, não abri, estava
concentrada na caixa, livros e mais livros, um deles era a biografia do conde
Estêvão
Outro livro despertou-me a atenção, os “amores e desamores,
de um conde” desfolhei-o, uma espécie de diário, que suponho sobre, os
relacionamentos amorosos do conde.
Comecei por ali:
“Naquele fim de tarde, no bordel, augusta trindade mandara recado pelo fidalgo Joaquim dos ramos da cunha e silva, que tinha novidades para mim, recebi o ilustre fidalgo da corte de D Carlos, rei de Portugal, , que esperava resposta, reunimo-nos na saleta, das orquídeas, por ser mais recatada, para este tipo de assuntos, eu estava com algum pressa, tinha afazeres junto de Sua Majestade, o rei de Portugal”
Fechei o livro, não vi nenhum interesse, naquele tipo de leitura, que suponho venha ser erótica ou pior.
Mas talvez não, resta saber onde bakary encontrara este
livro.
Os cães ladravam, e a campainha toca, fui ver o que se
passará.
Um envelope debaixo da porta, com uma chave.
Bakary, deixara ali a chave, e estava de regresso á sua
arábia saudita.
Não previa a sua vinda, por causa dos negócios na sua
arábia.
Voltei á caixa dos livros, e a tentação foi mais forte,
voltei ao livro dos “amores e desamores” de um conde.
“A reunião com sua majestade foi breve, mas para mim uma eternidade, não por sua majestade, ilustre rei português, das mais finíssima linhagem, da aristocracia portuguesa e estrangeira.
Mas porque a minha ânsia, era enorme para conhecer a novata,
que chegara ao bordel mais afamado e prestigiado, da aristocracia de Lisboa.”
“D Manuel da cunha e Antunes, ilustre nobre da corte,
cruzou-se comigo, nas ruas da baixa de Lisboa, falou-me de uma francesinha, que
chegara pelas mãos, de augusta trindade, nossa amiga de muitos anos, por quem
D. Manuel tinha enorme admiração, e eu também.
Vi no sorriso do meu ilustre amigo, o interesse pela
novata.”
Atirei com o livro, para o sofá, o conteúdo, seria so, este mesmo.
Fui espreitar o palacete, , abri a porta e um pátio com umas
escadas, em frente, do lado esquerdo a estatua do conde em tamanho grande, com
uma farda de militar, e do lado direito, o brasão real ducal, fechei a porta da
rua, acendi as luzes, duas portas de ambos os lados, com acesso para o
pátio.
Subi as escadas, de pedra de mármore branca, e olhei as
tapeçarias árabes que decoravam as paredes, e os degraus da escadaria de pedra.
Ao cimo da escadaria, as minhas telas emolduradas.
Vários corredores, com passadeiras oriundas da região
árabe, respirava-se um aroma agradável, no palacete, era uma
mistura aromática, com cheiro suave
O palacete estava em muito bom estado, uma porta
entreaberta, para um corredor, despertou-me a atenção.
Fui espreitar a sala, um enorme espaço, com varias estantes
com livros, e mais livros, espalhados por mesas, de estilo árabe, uma
outra mesa, do mesmo estilo, logo ali á entrada, com os meus livros.
Voltei para trás, e sai do palácio, eu nunca haverá ali
entrado.
Estava fascinada, faltava muito mais para ver.
Voltar ao livro “amor na solidão”, estava fora dos meus
planos, para já, existia muita coisa, na minha cabeça.
Fui para o atelier, mas não por muito tempo, voltei a ler o
rascunho de há muitos dias, do “amor e solidão”.
Tinha necessidade, de completar o livro, os cães ladram,
estremeci, resolvi começar por ai.
“A campainha tocara, na solidão desta casa, ouve-se ate no sótão.
O meu amor por ti, transbordava em paixão, e tu sabias
disso, voltas-te a sentar-te, na tua secretária, desta vez, eu não me sentei no
sofá, achei não o fazer, porque percebi, que isso te incomodava.
Na solidão daquela casa, o amor eras tu e eu, a minha vida,
era ali, no escritório e na tua companhia,.
Já nevava, de novo, quando acendi o lume, tinhas saído e tardavas
em vir.
A comida no fogão esfriara, a neve acumulara-se junto da
janela, fiquei sem luz, acendi uma vela, e fiquei á espera que voltasses, a
noite foi fria, outro nevão caiu, de manhã tive que cavar neve, para poder ver
a montanha, não podia sair dali, enterrava-me na neve, de ontem e mais a de
hoje, desesperada, por não saber de ti, subi ao sótão, e abri a janela, olhei
em redor, o teu carro não estava ali, desci, ate ao piso debaixo, levaras tudo,
o que tinhas ali, as gavetas estavam vazias, sem as tuas coisas, partiste para
sempre.”
A campainha tocara, larguei o rascunho, os cães já não ladravam, olhei o relógio, era cedo, apesar de já ser escuro.
Espreitei pela janela, não conheci, era um homem velho, e
sujo, tive medo, peguei no telefone, quando vi do outro lado, Bakary, respirei
de alivio, o meu vizinho estava de volta.
Reparei que o árabe, trouxe comida e roupa ao velho mendigo,
escondi-me atrás dos cortinados, sem que bakary percebe-se, a minha presença
ali.
A minha vizinha de cima, vem ter comigo, explodira um carro,
no quarteirão de cima.
Fiquei aterrorizada, saímos juntos e bakary também, tinha
acabo de chegar, da sua arábia, e foi connosco, tal como vinha, com o seu traje
árabe.
Quando chegamos, despertamos á atenção, eu por ter o cabelo,
acobreado, e calças ás bolas, com blusa ás riscas, a minha vizinha, vestia
preto, e as suas correntes de estimação, o árabe, passou despercebido, no meio
de nós as duas.
A policia chega, o carro explodira, porque foi regado com
gasolina, algumas pessoas do bairro, falam baixo, sobre a situação, não
querendo prestar declarações.
Voltamos os três para baixo, para o palácio do conde
Estêvão, jantar com Bakary.
Naquele instante, surgiu-me a ideia de procurar mais
literatura sobre o conde Estêvão, que afinal tambem tinha o brasão ducal.
Eu, estava era apreensiva sobre a historia de um outro,
escritor, que era o conde Estêvão.
Bakary, percebera, e trouxe o que eu queria, o outro diário
do conde, “A vida de um Duque, em Macau!”
Quando bakary, me deu o livro para ler, e sorria, pensei se
tratar de outro diário, do conde, mas não era mais, do que mais uma historia,
da sua vida.
O conde, tinha varios títulos, entre eles o de Duque..
Comecei a perceber, que o aristocrata, famoso pelas suas
viagens, e aventuras famosas, escrevera livros e livros sobre a sua pessoa, e
outras pessoas, como o caso da mulher, do convento dos frades da ordem, de S
madalena.
Malanie, dormia no sofá, depois de ter bebido um garrafa de
champanhe, enquanto eu e o árabe, vasculhava-mos livros acerca do conde.
A minha curiosidade, contagiou o meu vizinho.
Melanie, ressonava, tinha as collants rotas, como costume,
mas como as saias eram cumpridas, disfarçava.
Foi difícil levar melanie, para casa, mas conseguimos.
Bakary teve visitas, no dia seguinte, eu e melanie,
assistimos da minha casa, pensamos ver ali, as mulheres de bakary, mas
enganamo-nos, vieram ferraris, maseratis, e porshes, mas sempre homens.
Nem eu, nem melamie, tivemos coragem de perguntar, ao
vizinho mais rico do sitio, onde estavam as mulheres dele.
Melanie fe-lo, e bakary, trouxe as fotos, da familia toda.
Naquela tarde, bakary ofereceu, umas meias novas, a melanie,
que a deixou muito contente, por serem do agrado dela, pretas, com bolas
rochas.
Bakary fez encomendas de telas, e fiquei retida em casa,
alguns dias, alem disso, a promessa de ser presidente da fundação, também se
confirmava.
Naquela manhã solarenga e amena de inverno, voltei aos
“amores e desamores”
“Depois do jantar fui ao bordel de augusta trindade, a novata estava naquele quarto, de veludo azul, onde eu, tantas vezes estive com outras novatas, trazidas , pela mão da patroa.
Na sala cruzei-me com ilustres, nobres da corte portuguesa,
e da aristocracia de Lisboa, entre eles, e o digníssimo duque João de Sousa e
campos.
Procurava o mesmo que eu, um serão de encantos.
Augusta trindade, fez-me sinal, para entrar, o amigo duque,
orientou-o para outra sala.”
“A minha ânsia, era tão avassaladora, que comecei a retirar
a minha roupa, ali como era costume, augusta trindade, surge explicando que a
novata desapareceu do bordel, fingi, não perceber, porque vi o interesse, do
duque por ela.
Segurei augusta, e fiquei com ela, naquele quarto, azul
claro, o serão.
Quando, sai dali, o salão estava deserto, algumas bebidas em
cima das mesas, e xailes pendurados nas cadeira.
Segui o corredor para o quarto, onde estaria o duque, com a
novata, eu conhecia aqueles recantos todos, passava ali, noites e noites.
Espreitei pelo orifício da fechadura, e la estava o duque, em posições sensuais, com uma mulher, não era a novata.
Augusta trindade, puxou-me pela camisa, e levou-me para o seu quarto, perdi-me de novo em seus braços, eu amava aquela mulher”
Espreitei pelo orifício da fechadura, e la estava o duque, em posições sensuais, com uma mulher, não era a novata.
Augusta trindade, puxou-me pela camisa, e levou-me para o seu quarto, perdi-me de novo em seus braços, eu amava aquela mulher”
“De volta ao palácio, ja de manhã, como era habito, recebo a
noticia, do fidalgo correio do rei, que sua majestade, tinha um convite para
mim, muito interessante, corriam rumores na corte de D. Carlos, que eu iria
para Macau.”
“Tomei banho, com a ajuda de uma criada, novata ali, que
muito me encantou, e que a levei comigo mais tarde para Macau, e que depois abalou,
para o interior da china, com um homem de negócios, inglês.
De seguida dirigi-me para a residência real, onde já me aguardavam, alguns amigos meus, secretários do rei.
De seguida dirigi-me para a residência real, onde já me aguardavam, alguns amigos meus, secretários do rei.
Fui recebido por sua majestade, numa ala do palácio de
Belém, naquela breve reunião, recebi um convite, para ser governador de Macau.
Era com imensa pena, que deixava a nobreza de Portugal, mas
ir representar sua majestade em terras, de presença portuguesa de muitos
séculos, era uma honra.”
"Nessa voltei ao bordel, a minha ânsia de conhecer a francesinha, era maior, que tudo, nem que para isso, eu tivesse, que recorrer á guarda real, para traze-la, para junto de mim, naquela noite".
"Augusta trindade, desviou-me as ideias, levou-me para outro quarto, onde me aguardava, outra mulher nova ali, de uma beleza estonteante, que quando abri a porta do quarto, estava completamente nua, á minha espera, em cima da cama, numa posição, muito sensual, cheguei perto, e puxou-me, para cima dela"
"Nessa voltei ao bordel, a minha ânsia de conhecer a francesinha, era maior, que tudo, nem que para isso, eu tivesse, que recorrer á guarda real, para traze-la, para junto de mim, naquela noite".
"Augusta trindade, desviou-me as ideias, levou-me para outro quarto, onde me aguardava, outra mulher nova ali, de uma beleza estonteante, que quando abri a porta do quarto, estava completamente nua, á minha espera, em cima da cama, numa posição, muito sensual, cheguei perto, e puxou-me, para cima dela"
O diário, faltava folhas, e dei por mim, a meio de um romance, muito interessante,
o conde era exibicionista, pelo o que pude ler, escrevia as suas cenas demasiado explicitas, em relação ao que se passava, naqueles quartos, provavelmente, alguém arrancou as folhas.
O "amor na solidão", ia ficando, adiado e sem
ideias, desfolhei o livro “a vida de um duque em Macau”, e encontrei, ali umas
folhas soltas, espero que sejam, as que faltam no diário.
Mais tarde descobri, que aquelas folhas, eram da
francesinha, que voltara, para o bordel, já depois da saída, do conde para
Macau.
E que acabara desterrada, para Angola.
Dai o interesse do conde Estêvão, em traze-la para Macau
Com o outro livro na mão, e sentada no sofá do atelier, recostei-me a saborear, o calor da lareira acesa, desfolhei o livro do Conde, a sua vida em Macau.
Com o outro livro na mão, e sentada no sofá do atelier, recostei-me a saborear, o calor da lareira acesa, desfolhei o livro do Conde, a sua vida em Macau.
“A vida de um duque em Macau, é a minha historia, a vida de homem da nobreza portuguesa, neste recanto de mundo, como representante do rei de Portugal, ali naquele pequeno território, muito importante para a coroa portuguesa.
Comecei a sair com amigos fidalgos e homens de negócios,
ingleses e portugueses, que chegam ali, vindos de outros pontos da china.
A casa do governador, era lugar de muitas festas e reuniões,
ate tarde.
Numa dessas reuniões, corri o boato que uma mulher da
nobreza, tinha sido desterrada para Angola, procurei saber quem se tratara, e
traze-la para Macau.
Descobri através de augusta trindade, quem era, a ilustre
novata condessa, e que passara, pelo bordel que eu frequentara, casara mais
tarde, com o ilustre nobre da aristocracia de Lisboa, mas já com muita idade,
que entretanto falecera.
Confidenciara-me que, a novata foi expulsa pela família do
aristocrata, por ser mulher de bordel”.
"Depois destas noticias do reino, os meus passeios, á baía da praia grande, tornaram-se frequentes, sentia necessidade de ver o mar, este o mar da china, embarcações tradicionais chinesas, cruzam-se naquele lugar, era frequentemente ver por ali, comerciantes chineses, que iam e vinham."
A arquitectura colonial portuguesa, cruzava-se com a chinesa, e as mistura de aromas, na zonas antigas de Macau, dava-lhe outro encanto"
"Vivia feliz naquela parte do mundo, principalmente, por ser representante de sua majestade, o rei D Carlos de Portugal, ilustre nobre da real aristocracia portuguesa"
"Francisco Shoy, macaense foi visitar-me naquele resto de tarde quente, e com uma brisa suave, trazia novidades de Lisboa, acabara de chegar, de lá.
A carta de augusta trindade, era muito explicita, josefine vasselie, fora desterrada pelo rei, para angola a pedido da família do conde, falecido”.
“As outras novidades, eram os negócios de Macau, que estavam, em ascensão.
Uma das minhas preocupações, era trazer josefine, para junto de mim."
"Depois destas noticias do reino, os meus passeios, á baía da praia grande, tornaram-se frequentes, sentia necessidade de ver o mar, este o mar da china, embarcações tradicionais chinesas, cruzam-se naquele lugar, era frequentemente ver por ali, comerciantes chineses, que iam e vinham."
A arquitectura colonial portuguesa, cruzava-se com a chinesa, e as mistura de aromas, na zonas antigas de Macau, dava-lhe outro encanto"
"Vivia feliz naquela parte do mundo, principalmente, por ser representante de sua majestade, o rei D Carlos de Portugal, ilustre nobre da real aristocracia portuguesa"
"Francisco Shoy, macaense foi visitar-me naquele resto de tarde quente, e com uma brisa suave, trazia novidades de Lisboa, acabara de chegar, de lá.
A carta de augusta trindade, era muito explicita, josefine vasselie, fora desterrada pelo rei, para angola a pedido da família do conde, falecido”.
“As outras novidades, eram os negócios de Macau, que estavam, em ascensão.
Uma das minhas preocupações, era trazer josefine, para junto de mim."
“Diplomaticamente, junto de sua majestade, o rei de
Portugal, consegui, que a josefine, viesse para Macau, para minha casa, de modo
algum, eu queria que esta jovem mulher, fosse desterrada, e sem experiencia
alguma, de vida dura e sem conhecimento, de terras de Angola.”
“Consegui realizar o meu sonho, e fez durante muito tempo, as
minhas delicias, eu era uma criança nos braços dela, ate que decidiu, ir para
um convento, eu percebi, o interesse repentino de josefine, confidenciaram-me,
a presença monges novos, de origem inglesa, ali no mosteiro, ignorei, estava de
abalada, para Lisboa.”
“A minha viagem era de negócios, mas provavelmente, já
não voltaria para Macau, mas para outro canto, do mundo português.”
“Quando recebi a noticia, do assassinato de sua majestade o
rei D Carlos nem queria acreditar, foi um tormento, para mim, eu era amigo
pessoal de rei D Carlos, e fiquei muito abalado, a minha indignação, era
enorme, D Carlos sabia disso, eu próprio o tinha avisado, de rumores, mas sua
majestade, era um homem sem medo”.
“Segui de imediato para Hong Kong, existia uma grande
confusão, e Lisboa estava uma cidade, perigosa, por causa dos republicanos,
falava-se de guerra civil, e outras coisas mais, diziam os viajantes, eu, embarquei
com eles, nessa tarde, a maioria era ingleses.
A francesinha soube, e veio no mesmo navio que eu, para o
outro lado da China”.
“Conde Gantery, recebia-nos, muito se falou acerca do
assassinato do rei, e as convulsões em Lisboa, com os republicanos,
aconselhou-me a ficar por ali, se eu entretanto quisesse, poderia ir para
Londres, para a sua casa, pensei muito, e aceitei, Josefine acompanhava-me, e
passava por minha mulher, augusta trindade procura-me em Macau, com o
telegrama, e uma carta, que eu estava afastado, do cargo de governador de
Macau.”
“O telegrama, e a carta, chegou ate mim, mas augusta
trindade, não.
A hipótese de me tornar republicano, iria por a minha
família, em estado de choque, perderia a meia dúzia de títulos nobiliárquicos,
que ostentava, a minha família, era a família nobre portuguesa, que mais
títulos, nobiliárquicos, tem em Portugal.
Nunca me perdoariam”
“Augusta trindade, trazia a novidade, que era ainda
aparentada, com Teófilo braga, primeiro chefe de estado republicano, de
Portugal, o que me trouxe grande alivio, mas muita dor de cabeça, casar com
augusta trindade era uma hipótese, e ir para Londres, outra, e a certeza, é que
aquele cargo já não era meu, o pior”
Fui interrompida, pelo toque do telefone, bakary recomenda, mudanças de estilo, para a minha pessoa, eu era a presidente da fundação, com o seu nome, eu tinha-me esquecido, do pormenor fundação.
Muita coisa tinha que mudar em mim, começando pela roupa.
Vasculhei o guarda roupa e o sótão, encontrei, algumas
peças, clássicas que servem, para a ocasião, com o calçado, o mesmo, o resto
melanie emprestou-me.
Mudei de roupa, um casaco channel vermelho, com gola em
bico, assentava-me lindamente, a peça única desenhada por mim, á
mais de vinte anos, do qual nunca desfilei, as mangas também, tinham forma de
bico, a saia justa de tecido com elasticidade, escolhi a preta, usei algumas
vezes, estas saias, desenhadas, por um amigo meu, o sapato clássico, não era o
muito alto, Cabelo preso, e maquilhagem discreta, no armário, encontrei
perfumes que melanie não gosta e traz para aqui, encolhi um channel 5.
Estava de saída, e cruzei-me com bakary, na rua, não me
conheceu.
Decidi, fazer uma visita pelo palácio, um dos directores
acompanhava-me.
Chegamos, meu gabinete, era de um luxo, nunca visto, todo
envidraçado, com vistas para a rua, os livros do conde Estêvão,
acompanhavam-me, para todo o lado, principalmente, os que estava ler.
Finalmente, bakary descobre-me.
Melanie, chega e solta varias gargalhadas, quando me vê, com
novo estilo.
Os dias que se seguiram, foram de reuniões e reuniões.
Bakary estava de volta, para arábia saudita, a fundação
estava entregue.
Tínhamos o piso de cima, para a biblioteca, e escolha de
livros, para reproduzir e para venda.
O piso debaixo exposições de pintura e desfiles de moda.
Um dos directores da fundação, chama-me atenção para um
conjunto de telas, do conde sobre Lisboa, cascais e Macau.
Descobrimos outro livro, sobre si, “A mulher que nunca amei”
deixei aquele terceiro volume, para mais tarde.
Coloquei a folhas do diário, “amores e desamores” no sitio,
porque estavam noutro livro.
Passei a noite no gabinete, a olhar a rua iluminada, naquele
palacete, construído antes do terramoto de 1755, e que sobreviveu, devido, ao
enorme santo que ostentava, na entrada, que era São Estêvão.
Ouvi barulhos estranhos, naquela noite, anotei numa folha
poderia ter interesse, para o “amor e solidão” os cães ladravam, quando me
aproximei da janela.
Melanie, tocava campainha da minha casa, e batera também na
porta do palacete.
Deitei-me no sofá.
De manhã, um dos directores acorda-me, com uma novidade
estonteante, bakary doou a fundação, ao grupo que a tutela.
Ou seja, eu e os directores, éramos os donos daquela
fundação, que agora teria que mudar de nome, reunimos de imediato, o nome
seria, fundação Duque Afonso João, Conde Estêvão, minha sugestão.
Levantei, a cabeça, e olhei para o quadro, á minha frente,
onde estava o conde, duque, fiquei com a impressão, que levantou ligeiramente,
os bigodes grisalhos, e sorriu.
Ou eu estava maluca, confirmei, mais tarde, que era verdade,
voltou a levantar os bigodes, quando me despi no gabinete, para vestir roupa de
um estilista amigo meu.
Eu queria, fugir dali, mas não consegui, de volta para o
gabinete, encontro uma caixa, em cima de uma mesa, onde estava outro quadro do
Conde, uma tela muito perfeita, do conde, numa caçada, o meu espanto, a caixa
tinha jóias.
Para não enlouquecer, passei mais tempo na minha casa.
O livro “mulher que nunca amei” estava a seguir aos outros.
Voltei para o palacete.
O meu gabinete, estava a porta aberta, tinha alguns
documentos, em cima da secretária, “a mulher que nunca amei”, evadia-me de
curiosidade.
Caminhei, por entre corredores, algumas portas estavam
fechadas, solicitei a ajuda de colaboradores, e fomos descobrir aquele espaço.
A primeira porta que abrimos, o quarto do conde, alguma
roupa sua, em cima das cadeiras, e uma foto de uma mulher com uma coroa.
A sala seguinte outra cama, e outra foto mas da mesma
mulher, a ideia com que ficamos, foi, ser a tal mulher que nunca amou, mas que
provavelmente, casou.
Abrimos as janelas daquele espaço, mexemos nos tecidos, eram
recentes, ficamos confusos, um dos nossos colaboradores, explicou que o
palacete, estava habitado, por descendentes do conde, duque, após investigação
na biblioteca, tinha constatado, isso.
As ideias surgiram-nos, ver todos os quartos, e mais tarde,
abrir para museu.
Reunimo-nos no meu gabinete, bakary estava de volta e
encontrou-nos, ali.
Desfolhei, o livro e olhei o retrato da tal mulher, seria a
mesma pessoa.
Mais pesquisas, na biblioteca, não nos deram nada de novo.
Resolvi desfolhar o livro.
“O Natal nos Alpes, é muito diferente, do de Lisboa.
Não tem presépio, mas arvores de natal, mas muitos enfeites.
Marie claude, trouxe as crianças, para junto de nós, naquela
ano, estávamos casados, á meia dúzia de anos, e fez questão, de passar o natal
com a família dela, na suíça, porque costuma ser em Lisboa.
O casamento, com aquela aristocrata, fora a solução
para as minhas dividas.
Vive, anos de felicidade, por causa dos meus filhos, mas
também, por ser o mais famoso, homem de negócios, de Genebra.
A mulher que nunca amei, era uma pessoa, distante e que
também não me amava, eu não fora, o que ela desejaria para si, mas seria, o
melhor para ela.
Os negócios de relógios, e negócios da família em Hong kong,
fez deles, uma família de banqueiros, mais famosos da Europa.”
Já percebera a historia, agora como seria o fim.
“Após o falecimento do pai de Marie claude, e o falecimento
desta, anos depois, fiquei viúvo, aos cinquenta e poucos anos.
Apesar de ainda, com meia idade, e de marie claude,
ser a mulher, que nunca amei, respeitei sempre, a sua memoria, e os nossos filhos,
claro.
Os meus filhos, ficaram á minha guarda, em genebra, não
tinham ambições de casar de novo, mas de voltar para Lisboa.”
“Os negócios, transferi a sede para Lisboa, um cunhado meu,
alemão de origem judaica, ficou com a parte de genebra, e os relógios.
Eu ficava com os negócios de Hong kong, ele aceitou, não
gostava de viajar, eu adorava.
Voltei a Macau, revi historias antigas, da minha vida, de
boémio.”
Os ventos traziam, fumos de guerra, no centro da Europa, o
meu cunhado e eu, tememos”
“A mulher que nunca amei, e que nunca me amou, descobri mais
tarde, no seu diário, deixou-me marcas, de solidão e de angústia, porque
afinal, o que nos uniu, fora um grande negocio”
Fechei, o livro.
Voltei para minha casa, deitei-me em cima da cama, e
adormeci, á minha volta três livros do conde, e um meu.
Os cães ladravam, e a campainha toca.
Acordei, melanie, vinha eufórica, recebera um convite para
fazer uma tournée, de volta ao mundo para promover o seu novo álbum, vinha
convidar-me, para ir com ela.
Não hesitei, e aceitei, deixei os livros ali, e fomos para
casa da melanie.
No dia seguinte, reuni, com os directores, promovemos a
abertura de um museu, entreguei, os livros á fundação, e rumei com melanie, de
volta ao mundo.
Já não voltei para Lisboa, fiquei em Nova York, com antigos amigos, voltei á
minha antiga profissão, estilista e modelo.
Melanie, seguiu para Austrália, e so voltaria da tournée,
para o ano.
O resto, ficara para trás, Bakary, vai ao meu encontro,
gostou das minhas telas sobre Houdson, e do meu novo livro, “Back to New York,
after 10 years” e convidou-me a conhecer, a arábia saudita.
Dali segui-mos para Dubai, com um grupo de amigos, e ali
fiquei durante algum tempo.
O destino, reteve-me ali, quando naquela tarde, na praia,
com uns amigos, me cruzo com Hamed, meu ex-marido.
Eu conhecera Hamed, em NY, quando era modelo, entretanto, as
digressões mundiais, pela agencia de modelos que representara, fazia muitas
ausências, e Hamed regressou ao Dubai,
depois de terminar, o doutoramento em medicina.
Optamos pelo divorcio, o encontrarmos este tempo todo
depois, foi gratificante para os ambos.
Hamed não casou, e eu, estava divorciada pela segunda vez.
Fiquei no Dubai, e comecei a escrever o diário, “Together
again”
Ana Paula Alberto Caldeira 09/12/13